segunda-feira, 18 de junho de 2012

Experiência política da juventude na #ArenaRio20


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18 de Junho de 2012

Valorizar, discutir e dar visibilidade ao envolvimento da juventude na tomada de decisões foi o tema da Arena neste domingo, 17, pela manhã. Internautas e público participaram ao vivo enviando perguntas e comentários pelo Twitter com a hashtag #ArenaRio20.

O público era tímido no início da manhã, mas o debate esquentou a partir das dez horas, quando o público quase lotou a Arena Socioambiental para ouvir o consultor para sociedade de informação Marcelo Branco, a cientista social Regina Novaes, o atual secretário executivo da Organização Continental Latinoamericana e Caribenha de Estudantes (OCLAE) Mateus Fiorentini, a secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, e o rapper Genival Oliveira Gonçalves, o GOG. O debate foi mediado pela socióloga e atual presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) Ângela Guimarães.

GOG defendeu que cultura deve ser peça chave em qualquer debate que envolva a juventude, não importa se o tema é educação, segurança ou meio ambiente. A criação do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e a realização das duas Conferências Nacionais de Juventude são ações recentes que colocam o Brasil como um dos líderes no diálogo sobre o tema. Mas os debates sobre o protagonismo da juventude brasileira nos últimos 20 anos e sua importância nas políticas públicas e nos espaços de participação social seguem sendo motivos de preocupação sobre como valorizar o envolvimento da população abaixo dos 35 anos, que soma 49 milhões de brasileiros, no fortalecimento da democracia no país. Bem por isso, o debate de hoje faz parte de uma ampla agenda de ações planejada pelo Juventudes na Rio+20, reunindo a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, em parceria com o Conselho Nacional de Juventude e diversos coletivos como Fora do Eixo, Viração, Viva Favela, Agência de Redes para a Juventude e Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ.

“A causa ambiental não é uma causa fácil”
Questões como meio ambiente, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e combate à desigualdade estão na pauta da agenda do Juventudes na Rio+20, que pretende incluir reivindicações já discutidas e aprovadas pelos movimentos de juventude no documento final da Conferência. Neste sentido, Regina Novaes defende que um panorama histórico sobre o tema é importante para realçar a transversalidade de debates proporcionada para a geração deste início de século.

“Eu quero dar um depoimento geracional, principalmente porque a questão ecológica estava muito distante das discussões que tínhamos durante a Guerra Fria, por exemplo. Falávamos em classe operária e nas contradições do capitalismo, mas não nesta específica. A nova geração pode considerar a construção de uma utopia ampla que pensa desenvolvimento social, ambiental e econômico”, disse.

Segundo a cientista social, além de temas tradicionais como desemprego e violência, a falta de água no planeta já figura entre os principais medos da juventude brasileira. “A crítica ao modelo social somada à critica ao modelo ambiental é uma oportunidade que deve ser agarrada com todas as forças. É um debate no qual podemos alargar os aliados, onde podemos discutir as matrizes do desenvolvimento. Apesar disso, a causa do meio ambiente não é apenas uma questão de adesão, não é uma causa fácil, ela deve ser o mais abrangente possível para ser a utopia das novas gerações”, concluiu.

Severine Macedo lembrou que há vinte anos atrás o maior compromisso da ECO 92 era com as futuras gerações: “E são elas que ocupam este espaço aqui hoje. A juventude tem um peso econômico, político, cultural que não pode ser apenas um demográfico. Os jovens são sujeitos de direito, ideia fundamental na construção de políticas públicas no Brasil. Uma geração jovem tão significativa é uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável de um país. Queremos que da Rio+20 saiam documentos importantes para os chefes de estado do mundo, que o Observatório Participativo da Juventude esteja no ar em agosto deste ano e que a ONU aceite a proposta de um Fórum Permanente de Juventude”, defendeu. As propostas dos jovens brasileiros para a Rio+20 podem ser conferidas aqui.

As redes e as ruas
Uma espécie de histórico do movimento jovem brasileiro, de Zumbi dos Palmares à geração que mantém o twitter permanentemente ligado nos telefones celulares, foi a tônica da fala de Matheus Fiorentini. “A relação do movimento estudantil brasileiro com a América Latina é um tema fundamental desde a Jornada Continental de Lutas, que aconteceu em agosto do ano passado.” De qualquer forma, Fiorentini não acredita que a sociedade em rede vá substituir formas tradicionais de luta pelo mundo digital. “A juventude dialoga com estas tecnologias, mas é maior que isso, conecta rede e território. A passeata, o protesto e muitas organizações tradicionais seguem importantes e vivas”, disse.

Para Branco, a história é um pouco outra. “O período histórico que estamos vivendo reúne uma revolução tecnológica e social que poderia ser comparada à Revolução Industrial. As redes potencializam atributos que já existiam, mas também criam novas formas de relacionamento e participação. Também é lógico que não adianta apenas banda larga se reproduzirmos modelos sociais antigos. Não é o patamar de tecnologia que determina o modelo social, se vamos ter mais ou menos liberdade. Um modelo pode ser tecnológico e autoritário. Mas são as conquistas nesse campo que vão determinar a democracia e a vida na sociedade em rede”.

GOG e o peso da palavra
 Último a falar, o rapper e escritor defendeu com poesia que cultura deve ser peça chave em qualquer outro debate, não importa se o tema é educação, segurança ou meio ambiente. “Desenvolvimento sustentável na ótica da periferia é simples. Desenvolver é nascer, crescer e viver, o que achamos bem difícil. Sustentabilidade é sustento diário, o que também é difícil. Na verdade, vemos que o extermínio da juventude negra se dá de várias formas. Somos quem menos contribui para a poluição e, ao mesmo tempo, os que mais trabalham para o sistema estabelecido que se alimenta do nosso sangue e da nossa vitalidade, do nosso sangue e da nossa caminhada diária”. O público aplaudiu.

“Os dados de reciclagem de latinhas não estão vinculados à ação governamental, mas existe uma parte grande da população que sobrevive catando latinha. Será que a participação de negros e negras na Copa do Mundo, por exemplo, será vender cerveja e catar latinha no final do espetáculo? A geração que nasceu em 2001 vai chegar na FEBEM no ano que vem. Entende? É um rolo compressor. Como vamos impedir que esses meninos cheguem na FEBEM? Nós temos as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, mas nós periféricos acreditamos nas Unidades de Poesia Preta. A cultura que vai nos permitir trabalhar estes temas. Li que 70% da população brasileira não sabe o que é a Rio+20, mas o problema mesmo é que os outros 30% pensam que sabem. Não quero saber se o Obama veio ou não, o que importa é que a gente tá aqui, tentando descobrir”, finalizou GOG, seguido de mais aplausos. O rapper ainda defendeu que educação sem cultura é treinamento e disse que sente falta da palavra cultura nos debates da Rio+20.

Fonte: Texto do site www.arenasocioambiental.org

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